É um nexo emocional e/ou de sangue entre pelo menos duas pessoas, cujo reconhecimento evolui no terreno jurídico e sociocultural de acordo com uma dinâmica de pluralidade de opções, enquanto a religião pressiona para manter os preceitos tradicionais governados pelo vínculo declarado perante Deus entre homem e mulher, e a projecção dos descendentes de ambos. A família vem do latim “famulus”, traduzido como servo ou mesmo entendido como escravo como uma clara mensagem de posse do proprietário da casa. Uma origem que descreve a “família pater” como um rei, um homem à cabeça, que deve ser servido, expondo uma desigualdade acentuada com reminiscências mesmo nos tempos modernos.
Como é formada a família?
Os sociólogos estudam as diferentes estruturas sociais e uma das formas mais relevantes de organização social é a família, que é por vezes definida como a célula básica de toda a sociedade. O que acabamos por nos tornar como indivíduos depende de muitos factores: a nossa programação genética, o ambiente social e entre um e outro seria a família. A família como instituição cumpre diferentes funções: tem um carácter formativo e educativo e, ao mesmo tempo, está orientada para a ajuda mútua entre os seus membros.
Como indivíduos nascemos numa família e ao longo do tempo criamos uma nova estrutura familiar. Isto significa que seria muito difícil compreender os seres humanos para além das suas relações familiares.
Diferentes modelos de união familiar
A sociologia aborda o tema da família analisando os graus de parentesco entre os membros que a compõem. Assim, existe a família nuclear, que inclui pais e filhos. Podemos também falar da totalidade dos membros de uma família nuclear (tios, primos, avós…).
Entendendo a Família monoparental
Recentemente foi cunhado o termo família monoparental, que é aquela em que as crianças vivem com um dos seus pais. Não esqueçamos, por outro lado, que nos últimos anos têm surgido novos conceitos de família a partir de modelos de coabitação diferentes dos tradicionais (uniões de facto com ou sem filhos, fusão de duas famílias de um divórcio anterior, uniões entre pessoas do mesmo sexo, etc.) Em qualquer caso, o conceito de família não é uniforme e depende de cada cultura e tradição.
Evolução do postulado a nível religioso, social e cultural
O conceito de família tem vindo a mudar ao longo do tempo. Na civilização romana havia a figura da família pater ou pai da família, que apoiava financeiramente a sua esposa e filhos e era o último responsável do ponto de vista jurídico e social. Este conceito teve consequências históricas da primeira ordem, especialmente a concepção da família patriarcal (a figura do pai é a chave para compreender o papel social de cada um dos membros do grupo).
Poderia dizer-se que a visão dos Romanos sobre a família condicionou o seu posterior desenvolvimento histórico. De facto, quando pensamos no conceito de família, associamo-lo automaticamente a uma residência partilhada, um parentesco, uma união institucional (casamento civil ou religioso), relações domésticas e um elemento afectivo. Esta ideia geral não é exclusiva do mundo ocidental, pois no Oriente existe também uma estrutura patriarcal e o pai é o verdadeiro “chefe” da família nuclear.
O componente afectivo
Uma família nuclear é, em suma, um conjunto de laços afectivos, económicos e sociais. Os laços de parentesco representam um aspecto formal da família, ou seja, são uma forma de a compreender e estruturar com uma certa ordem. Contudo, o aspecto essencial de qualquer família é a relação emocional entre os seus membros (o papel de um pai biológico pode não ser acompanhado por um sentimento de amor e, pelo contrário, um padrasto pode ser considerado um verdadeiro pai).
Outras famílias
Por vezes, o termo família não está associado a qualquer vínculo de consanguinidade ou uma forma de coabitação no lar. Na verdade, dizemos que os colegas de trabalho formam uma grande família ou consideramos um animal de estimação como outro membro da família. Se digo, por exemplo, que os meus amigos fazem parte da minha família, estou a expressar um forte sentimento de pertença entre mim e os meus amigos.
Família e língua
Na comunicação comum usamos muitas ideias e expressões que se referem à família. Se uma criança pertence a uma família com poucos laços emocionais ou com problemas sociais e económicos óbvios, diz-se que provém de uma família desfeita. O provérbio incorpora todo o tipo de referências (da família e do sol, quanto mais longe melhor, de pais cantores, crianças de pintassilgo ou o linho sujo é lavado em casa). Em muitas partes do mundo, o conceito de “ser de uma boa família” é utilizado, implicando que alguém faz parte de uma família abastada.
Finalmente, vale a pena lembrar que a aquisição de línguas só pode ser entendida como um processo de aprendizagem dentro da família.
Fotos créditos: iStock – visual / svetikd
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