O estudo foi publicado na edição deste mês do Brain.
Neuropatia pós-cirúrgica é uma complicação pouco comum da cirurgia. Os nervos periféricos são a extensa rede de nervos que ligam o cérebro e a medula espinal (o sistema nervoso central) a todas as outras partes do corpo. Quando danificado por alongamento, compressão ou inflamação, a lesão do nervo periférico pode interferir com a comunicação entre o cérebro e o resto do corpo (os músculos e a sensação são controlados pelo nervo). Os indivíduos com neuropatia pós-cirúrgica podem sentir perda de sensibilidade, dor e fraqueza muscular.
“É importante que uma pessoa com neuropatia inflamatória pós-cirúrgica receba rapidamente um diagnóstico e tratamento. A compreensão do papel da inflamação na neuropatia destes pacientes pode levar a uma imunoterapia apropriada e à melhoria dos sintomas e deficiências neurológicas”, diz P. James Dyck, M.D., neurologista da Mayo Clinic e autor sénior deste estudo.
Como parte da investigação, o Dr. Dyck e uma equipa de investigadores da Mayo Clinic seleccionaram 23 pacientes que desenvolveram neuropatia no prazo de 30 dias após um procedimento cirúrgico. Segundo o Dr. Dyck, a neuropatia destes 23 pacientes não fazia sentido em termos de ser causada por alongamento ou compressão porque os nervos danificados estavam normalmente numa parte do corpo diferente do local cirúrgico ou a neuropatia ocorreu pelo menos alguns dias após a cirurgia ter terminado. Os procedimentos cirúrgicos eram ortopédicos, abdominais, torácicos ou dentários. Todos os pacientes receberam uma biopsia aos nervos, 21 dos quais demonstraram um aumento da inflamação. Dezassete pacientes foram tratados durante um período de três meses com imunoterapia, e em todos os casos com seguimento as deficiências neuropáticas melhoraram.
“Isto é excitante para os pacientes porque permite a identificação adequada e o tratamento preciso da neuropatia pós-cirúrgica. Sem mostrar inflamação nas biópsias nervosas, não teríamos sido capazes de saber a causa da neuropatia”, diz Nathan Staff, M.D., Ph.D., um neurologista da Mayo Clinic e o primeiro autor deste estudo.
“É lógico que os pacientes acreditem que foi culpa do cirurgião terem desenvolvido uma neuropatia porque esta ocorreu após a cirurgia”, diz o Dr. Dyck. “Contudo, nestes casos, temos fortes provas de que as neuropatias não foram culpa do cirurgião, mas foram causadas pelo sistema imunitário que atacava os nervos”
Outros membros da equipa de investigação da Clínica Mayo incluíam JaNean Engelstad, Christopher Klein, M.D, Kimberly Amrami, M.D., Robert Spinner, M.D., Peter Dyck, M.D., Mark Warner, M.D., e Mary Warner, M.D.
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